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9/28/2011

O LEGADO DO REDSON



Quando eu nasci, o Cólera estava fazendo uma turnê pela Europa. Essa notícia não surpreenderia a ninguém, nem hoje, nem ontem, não fosse o fato de que era a primeira vez que uma banda underground brasileira dava a cara a tapa no estrangeiro. O Cólera e sua turnê fora do Brasil reverberam, mesmo que indiretamente, no cenário underground do rock brasileiro até hoje, alimentando sonhos de milhares de pessoas que tem ou já tiveram uma banda. E não é porque o Redson, vocalista e guitarrista do Cólera, faleceu ontem a noite com 49 anos, que essa influência vai evaporar das mentes das futuras gerações do underground.

Influência, aliás, inestimável: o Redson foi responsável por moldar o punk brasileiro, junto com bandas como Garotos Podres e Ratos de Porão; os pioneiros do punk no Brasil foram essenciais para a forma engajada que o rock brasileiro se dispunha com o final da ditadura militar, no final dos anos 80.

Comecei a ouvir punk rock quando era pivete e não consigo imaginar como seria minha vida hoje se nunca tivesse ouvido músicas como "Pela Paz" e "Rebeldes", que não só abriram as portas do bom e velho HC pra mim, mas também me fizeram ver o mundo de forma menos ingênua porém mais esperançosa. Vocês não tem ideia o quanto isso é valioso pra um adolescente.

Histórias como a vida do Redson me lembram muito meu tio e suas descrições de porões sujos, drogas e rock 'n' roll dos anos 80. Era uma época única na história da música e da cultura underground brasileira, e tenho orgulho de ter sido contemporâneo à essa geração, de ter ouvido todas essas histórias e de saber que tudo o que aprendi com a mentalidade íntegra do Redson e de suas músicas vai ser passado muito além da minha própria geração.

"Mas quem se importa?
Mas quem se importa?
Eu me importo, eu me importo."

Descanse em paz, Redson.




POR PEDRO FALCÃO